O Exército dos Estados Unidos iniciou uma ampla reestruturação com foco na modernização tecnológica e na reorganização estratégica de suas forças terrestres. A iniciativa, denominada Army Transformation Initiative (ATI), foi anunciada oficialmente em 1º de maio pelo secretário de Defesa, Pitt Hegset, e pelo comandante do Exército, general George. A proposta visa cortar programas considerados ultrapassados, fundir comandos internos e redirecionar investimentos para áreas como mísseis de precisão, drones e inteligência artificial.
Entre as principais mudanças estão a aposentadoria de helicópteros Apache AH-64D, sem ainda garantir a substituição imediata pelos modelos AH-64E. A interrupção da produção de veículos como JLTV e M10 Booker, e a eliminação de cerca de mil cargos no quartel-general. O plano inclui também alterações no modelo de financiamento e o fortalecimento da presença militar no Indo-Pacífico.
Exército dos EUA aposenta veículos e corta programas considerados obsoletos
O foco agora se volta a alternativas mais modernas e econômicas, como os drones. O general George destacou que boa parte das missões dos Apaches pode ser executada por aeronaves não tripuladas, a um custo operacional significativamente menor. O drone MQ-1C Grey Eagle, em operação desde 2009, também será descontinuado. Apesar das melhorias recentes feitas pela General Atomics, como a versão Grey Eagle 25M com decolagem curta e sensores aprimorados, o Exército dos EUA considera que o modelo já não atende às novas exigências estratégicas.
Além disso, o programa FARA (Future Attack Reconnaissance Aircraft), que visava a desenvolver uma nova aeronave de reconhecimento, foi cancelado, dando lugar a projetos de reconhecimento não tripulado, mais compatíveis com os cenários operacionais do futuro. A suspensão de prêmios e competições voltadas ao desenvolvimento de novos veículos blindados também indica uma pausa para reavaliação da doutrina terrestre no Exército dos EUA.
Redução de generais e fusão de comandos buscam mais agilidade operacional
Outro eixo da reforma é a redução da estrutura de comando. O plano prevê a eliminação de cerca de 1.000 cargos no quartel-general e a fusão de diversos comandos, com o objetivo de acelerar o fluxo de informações e a tomada de decisões. Haverá ainda uma redução no número de generais de quatro estrelas, mantendo possivelmente apenas o chefe e o vice-chefe do Exército nesse posto.
A mudança na lógica de financiamento também é significativa. Em vez de alocar verbas por programa, os recursos passarão a ser distribuídos com base nas capacidades desejadas, uma abordagem que promete mais agilidade, mas que ainda enfrenta resistência no Congresso americano.
Tecnologia avançada e inteligência artificial entram no centro das operações no Exército dos Estados Unidos
O Exército também aposta em tecnologias emergentes. Até 2026, está prevista a implementação de sistemas de comando e controle baseados em inteligência artificial, operando nos níveis de teatro, corpo e divisão. A expansão da manufatura avançada, incluindo o uso de impressoras 3D no campo de batalha, é outro passo em direção a uma força mais autônoma, rápida e adaptável.
Essa digitalização das operações no Exército dos EUA visa garantir a supremacia no espectro eletromagnético e melhorar o desempenho em operações próximas ao solo, especialmente no combate contra drones inimigos e na proteção de bases avançadas. A capacidade de reagir rapidamente com mísseis de precisão contra alvos móveis em terra e mar até 2027 está no centro da estratégia.
Reforma militar tem foco estratégico no Indo-Pacífico e mira a China até 2027
Por trás dessa transformação estrutural está uma estratégia geopolítica clara: conter o avanço militar da China. Segundo o Pentágono, 2027 é o ponto de virada, ano em que a China poderá alcançar capacidades militares capazes de desafiar os Estados Unidos diretamente. Por isso, todas as reformas têm prazos definidos e metas agressivas de implementação.
Nesse sentido, os EUA estão reposicionando estoques estratégicos e reforçando sua presença no Indo-Pacífico por meio de exercícios conjuntos e destacamentos rotativos com aliados da região. A dissuasão não se limita a números ou armamentos, mas envolve também a capacidade de responder de forma rápida, integrada e com poder de fogo tecnológico superior.
Além disso, o Exército busca parcerias com startups do setor de defesa que operam com ciclos de inovação muito mais ágeis. A intenção é reduzir a burocracia, acelerar os testes e colocar novas capacidades no campo de batalha em um ritmo compatível com os desafios do século XXI. Isso inclui drones avançados, sensores autônomos, sistemas de guerra cibernética e inteligência artificial aplicada ao comando em tempo real.
Enquanto outras forças armadas ao redor do mundo medem reformas em décadas, os Estados Unidos estão operando com senso de urgência. Como destacou o general George, as mudanças são difíceis, mas inevitáveis: chegou a hora de realinhar recursos com os verdadeiros objetivos estratégicos.
Nova doutrina militar dos EUA substitui sistemas tradicionais por tecnologias emergentes
A reestruturação do Exército dos Estados Unidos envolve mudanças amplas na doutrina e na estrutura organizacional das forças terrestres. O objetivo é realinhar suas capacidades com cenários de conflito envolvendo grandes potências, priorizando o uso de drones, mísseis de precisão, inteligência artificial e manufatura digital.
Entre as medidas adotadas estão a retirada de serviço de plataformas consideradas obsoletas, como os veículos M10 Booker, os helicópteros Apache AH-64D e os drones MQ-1C Grey Eagle. Além disso, houve o cancelamento de programas como o FARA. As ações fazem parte de uma estratégia voltada à modernização tecnológica e à preparação para desafios militares previstos até 2027.