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Reino Unido prevê guerra em 10 anos e surpreende ao incluir o Brasil como peça-chave em possível guerra mundial

Documento oficial do governo britânico revela os países considerados prioritários em sua preparação militar para um possível grande conflito nos próximos anos, incluindo na lista parceiros latino-americanos estratégicos e surpreendendo ao ignorar rivais históricos da região.

por Alisson Ficher Publicado em 13/06/2025
Reino Unido prevê guerra em 10 anos e surpreende ao incluir o Brasil como peça-chave em possível guerra mundial
Reino Unido inclui Brasil em plano militar secreto para futura guerra global e surpreende ao ignorar rivais históricos como a Argentina. (Imagem: Ilustração/Ideogram)

Em um mundo marcado por tensões crescentes, rearmamento acelerado e alianças estratégicas sendo rediscutidas, um documento recente do governo britânico surpreendeu ao incluir o Brasil como parceiro de confiança em um eventual cenário de guerra.

O plano, que traça um horizonte de até 10 anos para o Reino Unido estar plenamente preparado para um grande conflito, destaca o Brasil e o Chile como interlocutores prioritários na América Latina, enquanto rivais históricos como a Argentina foram completamente ignorados.

A inclusão do Brasil em um relatório com foco majoritário em ameaças russas e chinesas demonstra a valorização de parcerias globais fora do eixo euro-atlântico.

A menção aparece na nova “Revisão Estratégica de Defesa” (Strategic Defense Review), publicada pelo governo britânico em março de 2025, como parte de um esforço para reposicionar o Reino Unido como potência militar de projeção global no cenário pós-Brexit.

Um plano de guerra com alcance global

Segundo informações do portal ”Valor”, o Reino Unido está se preparando para uma guerra em grande escala que, segundo o plano, poderá ocorrer dentro de até 10 anos.

A estratégia, elaborada por especialistas civis e militares, foi apresentada com destaque pelo governo do primeiro-ministro Keir Starmer e descreve um mundo “mais volátil do que em qualquer outro momento nas últimas três décadas”.

Segundo o relatório, a ameaça mais urgente é a Rússia, devido à sua postura agressiva, à guerra em curso contra a Ucrânia e à disposição do Kremlin de usar todos os meios — inclusive armas nucleares — para alcançar seus objetivos geopolíticos.

Estamos entrando em uma nova era de ameaças e desafios“, afirma o texto, citando ataques diários de espionagem, manipulação de informação e guerra cibernética contra o Reino Unido.

Mesmo com a guerra na Ucrânia abalando a estrutura das Forças Armadas russas, o documento alerta que a economia de guerra de Moscou permite rápida reconstrução e manutenção de ameaças em áreas como o espaço, o ciberespaço, a guerra submarina e as armas químicas.

China é classificada como um desafio estratégico

O plano britânico também aponta a China como um “desafio sofisticado e persistente”, não só pela expansão militar acelerada, mas pelo uso combinado de instrumentos econômicos, tecnológicos e cibernéticos para ampliar sua influência no Indo-Pacífico.

O documento alerta que o arsenal chinês está crescendo em ritmo acelerado e pode atingir diretamente o Reino Unido e seus aliados.

Segundo estimativas britânicas, a China poderá dobrar seu arsenal nuclear até 2030, chegando a mil ogivas, incluindo mísseis com alcance suficiente para atingir solo europeu.

Além disso, Pequim é acusada de recorrer à espionagem para obter tecnologia de ponta por vias legítimas e ilegítimas, o que enfraquece a vantagem tecnológica ocidental.

Alianças além da OTAN: Brasil e Chile em destaque

Um dos aspectos mais curiosos do plano é a menção ao Brasil e ao Chile como os principais parceiros latino-americanos na estratégia global de defesa do Reino Unido.

O Reino Unido continua a reconhecer a importância do diálogo estratégico com parceiros na América Latina — primeiramente Brasil e Chile — para promover paz, segurança e prosperidade na região“, afirma o texto.

Embora o documento não entre em detalhes sobre que tipo de cooperação está em andamento ou em planejamento, a menção não é trivial. Ela ocorre em um capítulo dedicado às alianças globais, onde o Reino Unido reforça sua visão de uma rede robusta de parcerias que sustentam seu alcance estratégico.

A citação ao Brasil ganha ainda mais relevância por ocorrer em um contexto predominantemente euro-atlântico, no qual a maioria dos esforços está voltada à OTAN, aos Estados Unidos e às ameaças mais diretas no hemisfério norte.

A ausência da Argentina, rival histórica do Reino Unido na disputa pelas Ilhas Malvinas (Falklands), também chama a atenção.

Isso indica que Londres busca construir pontes em outras direções da América do Sul, possivelmente evitando ressuscitar antigas tensões diplomáticas.

Estados Unidos permanecem como o grande aliado

Apesar da ampliação das parcerias globais, o texto reforça que os Estados Unidos continuam sendo o principal parceiro estratégico dos britânicos.

A força da parceria é forjada por gerações de profissionais de defesa britânicos e americanos, que lidam juntos com desafios globais”, destaca o plano.

A aliança com os EUA, segundo o relatório, será a espinha dorsal da estratégia de defesa do Reino Unido, embora o país também esteja comprometido com alianças secundárias na Ásia, Europa e América Latina.

O documento também menciona compromissos com França, Alemanha, Polônia e Estônia, além de destacar que “OTAN em primeiro lugar” não significa “apenas OTAN”, sinalizando um esforço de manter influência e cooperação com países fora do tratado atlântico.

Reino Unido vai investir pesado em defesa

Como parte desse reposicionamento, o governo britânico anunciou que irá investir até 2,5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa até 2027.

Isso representa um aumento considerável no orçamento militar e permitirá projetos ambiciosos como a construção de 12 novos submarinos nucleares, além do fortalecimento das capacidades cibernéticas, espaciais e de inteligência artificial das Forças Armadas.

O plano foi elaborado por uma equipe de peso: o ex-secretário de Defesa do Reino Unido e ex-chefe da OTAN, Lord Robertson; o general aposentado Sir Richard Barrons; e a especialista em Rússia Fiona Hill, ex-conselheira da Casa Branca.

Alisson Ficher

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